segunda-feira, 30 de julho de 2012

Para Nathália Lins, minha cobaia.

Acabou. Finalmente, mas infelizmente, acabou. Só penso agora em como ficar sem, como vai ser sem. Minha cobaia, minha única cobaia. Ela se libertou. Ela se foi. Estava demasiado difícil. Eu sei. Eu entendo, mas dói, dói tanto. Você vinha tropeçando, a gente vinha tentando. Driblamos tantas pedras, pulamos tantos buracos, mas há abismos inevitáveis. Eu sei. Eu entendo, mas dói, dói tanto.

Com quem agora irei falar dos jogos de vôlei e dos jogadores? Para quem irei mandar msgs de natal estúpidas? Com quem irei falar de estupidez? Quem entenderá? Quem me entenderá ? Com quem poderei ser?

No domingo me disse que estava feliz e agora sei o por que. A muito tempo que vinha lutando, suportando, tentando, vencendo, perdendo, morrendo, até aqui. Eu sei. Eu entendo, mas dói, dói tanto. A quem recorrerei para falar daquilo que nem mesmo eu entendo? Quem vai me fazer respirar de novo quando o ar faltar? Tudo parecerá tão vazio agora. Tudo terá menos cor. Aquela promessa não pude cumprir. Aquele presente ainda está aqui, não tive tempo. Não tivemos tempo. Também não cumprisse aquela promessa. É difícil acreditar que o mundo ainda vai continuar a girar sem você aqui.

Depois que te conheci nunca mais fui a mesma, ou melhor, depois que te conheci pude ser eu mesma. Ninguém entende. Ninguém entenderá. Estava na hora, você sabia, eu não. Sim, tem razão, continuarás a viver nos corações daqueles que te amam. Amaram. Amarão. É, terei que acordar todos os dias sabendo que a vida continua, a minha, não mais a tua. Vai, que a paz, finalmente, espera a ti. Eu sei. Eu entendo, mas dói, dói tanto. Não dá para acreditar no que meus olhos viram. Meus ouvidos devem estar malucos. Eu sabia, já sabia, desde o primeiro esboço eu soube, mas não podia acreditar. Queria ter sido melhor. Deveria ter feito melhor e esse espaço vai sempre ficar aberto, pois eu não segurei a corda. Ela escapou pelos meus dedos.

Desculpa ser egoísta. Sei que para ti as coisas não davam mais e isso vinha de muito tempo, mas sou humana, tu também és. Eu sei. Eu entendo, mas dói, dói tanto. Simplesmente fechou os olhos.

Lembro de um episódio do seriado Oz, onde um dos prisioneiros conta a outro após ter perdido o filho sobre um amigo que perdeu um braço. Esse amigo lhe dizia que o mais difícil era sonhar toda noite que ainda tinha o braço e quando amanhecia o dia e abria os olhos precisava se acostumar com a realidade novamente. Uma batalha contínua.

Citasse nosso livro predileto e uma das nossas citações prediletas também:

"algumas coisas ficam mais bonitas quando viram lembranças" 

Desculpa, mas nesse caso, ela não se encaixa. 

Geheimnis!

É mais do quê saudade, é um vácuo. Para sempre minha cobaia.

PS: Já não posso dizer que não conheço a morte e que nunca perdi alguém que amei.  


E quando nos vejo assim até consigo sorrir.


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