segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O que há por detrás do dito?

Não sei por qual motivo me fere tanto as coisas que saem de sua boca. Alias, sei sim, mas é difícil aceitar. Queria conseguir lidar com suas palavras de maneira imparcial, mas não é possível. De todas as pessoas no mundo você é aquela que tem sobre mim uma influência tão grande que qualquer suspiro vira ventania. O pior de tudo isso é saber que sua força lhe é despercebida. Como culpá-la então? 

Milhares de perguntas sobrevoam minha mente no instante em que uma simples frase é proferida de sua boca. Ela surge como uma maleta repleta de significados. Vem flutuando. Procurando o alvo. Meu coração vive exposto. Não sei cobri-lo. Ela o acerta em cheio e me deixa sem ar por alguns segundos. São tantas perguntas que por um breve momento o mundo fica mudo. O pensamento preenche todas as brechas e não dá espaço a mais nada. Permaneço assim até que esse furor sentimental se acalma e consigo voltar ao chão, mas nunca do mesmo jeito, jamais sendo a mesma. Algo se perde.

Fico tentando entender que sobrecarga é esta que deposita em meus ombros. São tantas exigências, palavras incertas, culpas depositadas. O que existe por detrás de tudo isso? Sinto que fiz ou faço algo de errado. Talvez não seja eu. Você não sabe o poder que tem sobre mim. Desconhece o peso de sua gramática sobre meus ouvidos. Sobre minha alma. Sobre minha vida. Não faz ideia do esforço que faço para tentar corrigir algo imaginário. Não tem noção dos recursos que lanço mão para consertar o invisível. O indizível. Não sei pelo o quê, mas em muitos momentos sinto vontade de pedir desculpas. E a impressão de que elas não seriam aceitas.

Existem muitas coisas entre nós. Tantos nós. Quantos cortes. Cicatrizes. Silêncio ensurdecedor. Perdemos em alguma parte do percurso o sentido de tudo o que fazemos atualmente. Como reencontrar a mesma condição que nos fazia ser naturais, espontâneas? Como transformar essa situação?


Quando finalmente enxerguei, fiquei cega.
Meus olhos se negavam a perceber.
A minha visão estava nublada,
embasada, perturbada.

Quando inesperadamente escutei, fiquei surda.
Meus ouvidos não captavam mais as palavras.
Os sons se calaram.
Ficaram confusos.

Quando desesperadamente falei, fique muda.
Minha boca não aceitava mais transmitir os pensamentos.
As ideias foram silenciadas,
atrasadas, afastadas.

Quando sem querer senti, fiquei apática.
Minha alma não conseguiu aguentar.
As dores estão sufocadas,
acalmadas, fingidas.




O céu que arde na terra.

Celeste nasceu em noite estrelada. Filha única de um casal maduro que já havia perdido a esperança de procriar. Celeste nasce como um milagr...