sábado, 29 de setembro de 2012

A fotografia.

Encontrei tua foto jogada ao chão.
Percebi tua foto esquecida ao chão.
Não sei como foi parar ali.
Não sei como caiu.
Só sei que vi tua foto jogada ao chão.
Ela estava guardada.
Tão bem guardada que não se via.
Só a vi no dia em que a ganhei.
Fazia sete dias da perda.
Ela ficou guardada.
Escondida de mim.
Segura de mim
E de repente,
vejo tua foto jogada ao chão.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Teus quereres.

O que queres de mim? 
O que procuras em mim?
Sinto te dizer que não sou única.
Não sou uma.
Em mim há várias.
Em mim habita o mundo.
Sou tanto.
E é tanto que não me cabe.
Transbordo em fragmentos de um todo.
Todo é o que me compõe. 
Sou vazio também.
Existe muito em mim que não sei.
E em ti descubro muito de mim.
Não posso te dar apenas teus quereres,
pois sou inteira. 
Sou a vida
e a vida é incerteza, é multiplicidade.
Tenho riso
Mas há lágrimas nos cantos dos olhos.
Tenho paz
Porém as vezes faço guerra.
Eu abraço e deixo cair.
Beijo e também viro o rosto.
Não sou fácil.
E nem tão difícil assim.
Veja, estou sendo o que posso.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Teu olhar

Há tanta vida em seu olhar. Por eles consigo enxergar toda a sua história. Eles me mostram que já viram e imaginaram muitas coisas.

Ao longo da vida nossos olhos são preenchidos por tudo aquilo que experienciamos. Quanto mais vividos, mas repletos de luz são os olhos. Contudo, essa vida que invade a pálbebra e se afunda no globo ocular não é medida pela quantidade do tempo transcorrido. Não, de forma alguma. Basta olhar nos olhos de sujeitos idosos e verá que alguns ainda estão vazios. Não é dessa forma que se dá o preenchimento de nossos olhares. A vida que nos inunda não é medida por lógica alguma existente. Ela é grande, tão grande que não se percebe com facilidade. Se dá de tal maneira simples e pequena que escapa aos nossos dedos. Não a captamos de maneira alguma. Ela nos irrompe. É uma vida que se encanta em não ser vida falada. Essas vidas que discursam por aí não entra por nossos olhos. Não enchem nossos corpos. É uma vida que está fora daquilo que falam da vida. É aquele pedaço que não explicamos. Notável no inotável. É ar, água, mato e fogo. Um nó. Não, não um nó, um laço facilmente desatável. Frágil e também firme, tão firme que não pode ser destruída. Como pode caber tantas contradições em sua explanação? 

A vida que vejo em teus olhos conta a história que para ti não fica clara. Aquele recorte da tua história que não houve palavras. Não ouve. Nos teus olhos eu vejo a vida, a tua vida invivida. Sim, vejo que a tens caminhado e que estais a construir algo. Tu sonhas. Percebo isso. Sonhos modeláveis. Sonhos facéis. É mais simples. É mais fácil. Tudo bem, não há indignidade em sonhar sonhos simples.

Ah, teus olhos, que bela magia. Consigo acreditar que o amanhã nascerá com sol e leves pancadas de chuvas para molhar nossos pés. Sim, dá pra ver. Sim, posso ver. Nos teus olhos meu reflexo é uma possibilidade. Pintar-me-ei na tua retina e serei por um tempo parte dessa vida, da tua vida. Quem sabe do tempo? Que seja agora. Que seja hoje. Por enquanto, que seja.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Cânticos

VI

Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.

Cecília Meireles

"Este cântico foi recitado para mim por meu grande e lindo amigo Cayo César. Foi incrível e muito importante ter escutado tais palavras vindo dele que é beeem especial para mim." (:

O céu que arde na terra.

Celeste nasceu em noite estrelada. Filha única de um casal maduro que já havia perdido a esperança de procriar. Celeste nasce como um milagr...