terça-feira, 4 de agosto de 2020

Não se brinca com sonhos.

No meio do caminho havia um sonho. Havia um sonho no meio do caminho. Acorda pela manhã carregando no peito certa ternura e rememora a cena onírica que lhe colocou para dormir na noite anterior. O sonho parece que veio para preencher algumas lacunas do tempo de infância. No sonho houve o encontro. No sonho aconteceu o acerto de contas. Desperta e sente que tudo está mais claro. Então, decide compartilhar esse afeto bom que germinou no centro do coração e acalentou as memórias. Quem diria que apenas um "Oi, sonhei contigo e foi lindo" causaria tamanho efeito? Nossas escolhas são desdobramentos. Nenhuma ação termina nela mesma. Não controlamos as ondas que nossas decisões causam no rio do tempo. O sonho anunciava algo que ela não poderia imaginar. Não devia ter brincado de misturar o sonho e a realidade. Ou deveria? Enfim, abriu uma abertura no tempo. É possível quebrar o tempo? Para eles parece que sim. Agora brincam de romper com o tempo. Tudo se mistura. A menina e a mulher. O menino e o homem. A amizade e a paixão. Passado e presente. Estão suspensos no tempo. Entra a infância compartilhada e a adultez desconhecida. Se reconhecem, mas não se conhecem. Questiona-se: Será que de fato acordei daquele sonho? Foi um sonho ou uma promessa? Não se sabe. Por enquanto experimenta esse buraco que se abriu no tempo e enquanto revive o passado, sabe que o presente tem suas barreiras e o futuro é campo do mistério.

O céu que arde na terra.

Celeste nasceu em noite estrelada. Filha única de um casal maduro que já havia perdido a esperança de procriar. Celeste nasce como um milagr...