quarta-feira, 9 de março de 2011

Não sei se vou ou se fico
Não sei se fico ou se vou
Se vou, já sei que não fico
Se fico, já sei que não vou

terça-feira, 8 de março de 2011

Liberdade. Doce ilusão.

Nunca entendi a liberdade. Jamais a vi em ação, personificada em ato. Só a conheci através de discursos, palavras bonitas reunidas em torno de uma ilusão.

Falar de liberdade é a coisa mais simples do mundo. É simplesmente dizer que tudo é possível e que depende apenas de você. O mundo é seu, o mundo necessita de ti para existir. És inteiramente responsável pelas tuas ações, pois sóis livre. É preciso agarrar pelo chifre a vida e fazer com que ela seja mais doce. Você é capaz de tudo. A liberdade é uma benção e também uma maldição já que te ligará eternamente as consequências de tuas ações. Não tens escolha, ser livre está em seu DNA.

Sinceramente eu nunca vi diante dos meus olhos alguém livre a esse ponto. Ouço diversas histórias de superação e fico impressionada, feliz de certa forma, mas existe sempre alguma coisa maior por trás dessas situações gloriosas. Pode parecer pessimismo, preconceito, ou sei lá o quê, mas não acredito que o homem pode tudo. Pelo simples fato de vivermos em uma sociedade que nos anula, que nos devora.

Vejo no olhar de muitas pessoas o desejo supremo de sair, de sumir, de dizer adeus, porém o meio externo às sufoca de uma forma que elas se vêem presas em uma prisão sem grades. E não adianta dizer que só depende delas a mudança por que não é assim que as coisas funcionam no mundo real. Nunca foi somente nós. Sempre estivermos ligados a algo e/ou alguém, nossa história foi pautada na interação, na relação com o outro e com o mundo, então não depende apenas de nós.

As mudanças que dizem respeito a nossa pessoa, ao nosso Eu necessita inteiramente de nossa vontade. Somos os agentes de transformações em nós mesmos. Não podemos dar essa responsabilidade para outrem. Contudo, no que se refere ao mundo, ou o que envolve outros, necessitaremos mais do que de nós mesmos, precisaremos de oportunidades e de interação, ponderação, paciência e uma pitada de sorte.

Vivemos em uma sociedade que exige, muitas vezes, mais do que podemos dar e que em alguns momentos nos força a abrir mão de nossa singularidade, de nossa liberdade inata se quisermos viver sobriamente. Não falo aqui de condições financeiras, classes sociais, não é isso. Falo de algo que ultrapassa questões econômicas. São grandes coisas nos pequenos detalhes do dia-a-dia e ás vezes são bobagens que nos cega nas grandes dificuldades. Descrevê-las aqui seria errado pois não há determinações para elas. São subjetivas, diversas, não tem formas e muito menos determinantes. Da mesma maneira que a felicidade se manifesta sem rosto, as verdadeiras amarras de um homem são invisíveis.

Julgar a falta de ação de um homem diante de uma dificuldade é muito fácil, mas, talvez se nos colocarmos no lugar dele veremos os grilhões que prendem seus pés. Liberdade é um sonho lindo que nasce conosco, no entanto jamais é sentida na plenitude de sua essência. Assim eu penso. Assim eu sinto.

domingo, 6 de março de 2011

Um vôo sem asas.

Tudo ficou mais claro agora. A escolha foi feita. Não há mais dúvidas. Não há mais forças. Prefiro saltar no nada do que me afogar na amargura. Permanecer aqui se tornou inviável. Finalmente é chegada a hora. Vou embora.

É irrelevante suas opiniões. Você não sabe o que é sentir uma multidão de dores. Ter um inimigo sem rosto que te persegui a todo instante. Correr tanto para não chegar a lugar algum. É insuportável ter que olhar todos os dias pro teu sorriso. Seu amor é um ácido que corrói minha pele e desintegra o meu peito. Preciso sair, necessito voar nas asas da ilusão. Não dá mais pra ficar.

Eu sei, sei que será difícil. Contudo, entenda que não estava fácil para mim ter que morrer vagarosamente. A vida se transformou em um veneno para mim, a morte é o antídoto. Não se culpe. Minha dor não tem alvo. O que está em questão aqui sou eu, apenas eu.

Deixe-me ir. Veja, estou sorrindo finalmente. Mais do que nunca estou consciente. Deixe-me ir, pois este não será meu fim. Minha história foi escrita pelo avesso. Deixe-me ir, suas lágrimas no meu ombro são narvalhas e estão machucando essa pobre carcaça. Deixe-me ir.

Preste atenção não quero que me compreenda mal mas, nada mais importa. O cheiro da liberdade invadiu meus pulmões e limpou tudo que havia de podre. Acabará a dor, acabará o sofrimento. Pela primeira vez sinto que vou viver verdadeiramente. Pareci louco, eu sei, no entanto não é mais insânio do que continuar. Não há saídas possíveis. Todas as portas trancadas. Janelas lacradas. Soluções inexistentes. Só me resta pular. Voarei para longe. Beijarei a morte na boca e abraçarei seu corpo com tanta força que ela não terá como fugir. Aquela que vinha me consumindo pouco a pouco trará em seus braços o alívio.
Adeus!

quarta-feira, 2 de março de 2011

Sem remédio

Aqueles que me têm muito amor
Não sabem o que sinto e o que sou...
Não sabem que passou, um dia, a Dor
À minha porta e, nesse dia, entrou.

E é desde então que eu sinto esse pavor,
Este frio que anda em mim, e que gelou
O que de bom me deu Nosso Senhor!
Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!

Sinto os passos da Dor, essa cadência
Que é já tortura infinda, que é demência!
Que é já vontade de gritar!

E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,
A mesma angústia funda, sem remédio,
Andando atrás de mim, sem me largar!

Florbela Espanca, in "Livro de Mágoas"

O céu que arde na terra.

Celeste nasceu em noite estrelada. Filha única de um casal maduro que já havia perdido a esperança de procriar. Celeste nasce como um milagr...