quarta-feira, 25 de abril de 2012

Dê-me o nada.

É inimaginável. É impensável. Não dá para articular palavras e estabelecer um sentido sobre tal questão. Será que não vê que o que fala é tão despropositado que chega a ser engraçada tal colocação? Como? Diga-me como pode ser possível a aparição de algo que nunca existiu? Não há possibilidades de reavermos o que jamais tivemos. É melhor aceitarmos a nossa condição de não sermos e deixar para trás aquilo que poderíamos ter sido. 

Pense bem, imagine olhar nos meus olhos e vê o abismo que nos atravessa. Dividir um abraço e perceber a frieza de nossa pele. Observar que dos lábios saem palavras que nada dizem. Notar que entre nós dois nada há. Sorrisos artificiais e lágrimas escondidas. Por favor, não nos obrigue a passar por tal constrangimento. Por que tentar ir além dos limites? Chega. Eu desisti. Não quero mais ter que esperar. Não há o que esperar. O que vem do seu lado sempre é o nada. Não saberei receber alguma coisa. Fique. 

Imagine eu ter que olhar nos seus olhos e ver que minhas fantasias não findaram. Pense em como seria reacender em mim a esperança de um dia ter aquilo que nunca pude. Como seria sentir o afago? Como seria ter uma lembrança em que pudesse apoiar meu discurso? Não posso. Não aguento. Tenho medo. Não é possível. Isso é inimaginável. Não há nada do seu lado que eu queira esperar. Não posso mais esperar. Por favor, não force meus limites. Não me peça mais. Desisti. 

Não saberia ter aquilo que sempre quis. Nesse momento não posso me perder no seu sorriso e me afogar na possibilidade de sonhar. Eu desisti. 

O céu que arde na terra.

Celeste nasceu em noite estrelada. Filha única de um casal maduro que já havia perdido a esperança de procriar. Celeste nasce como um milagr...