quinta-feira, 30 de agosto de 2012

31 dias.

E hoje faz um mês. Um mês de estranheza inexplicável. A saudade ainda está aqui, não sei se irá embora, porém as coisas estão diferentes. Estão mais calmas. Estão serenas. Sei que não será sempre assim. Haverão momentos que o aperto se fará forte e vai ser difícil. Vai ser mais difícil. No entanto, hoje, estou calma. Tudo parece esquisito. Ainda não me acostumei com a ideia, mas já convivo com ela. Começo a me esforçar para voltar ao ritmo normal de minhas atividades rotineiras. Penso em novas formas de lidar com o que vem acontecendo dentro de mim e até que estou bem. Voltei a ler e esta sendo incrível. Lembro de você a cada página e não me dói, pelo contrário, alívia. Você está em mim, sempre estará. É, algumas coisas ficam mais bonitas quando viram lembranças, porém isso não quer dizer que elas eram feias antes. Apenas ganharam a roupagem da saudade que tende a engrandecer as memórias com o passar do tempo. Então, imagina só o quanto deve estar grandes e bonitas as recordações que guardo de ti?

Hoje, e espero que isso dure por mais tempo, não reclamarei de ter reclamações. Não me frustarei com as minhas frustações e nem ficarei triste por ter tristezas. Viverei tudo da maneira que aguentar viver. Vivenciarei cada emoção com o que ela tiver a me oferecer. É, abraçarei minhas dores e aguardarei ativamente que elas me transformem. E saiba que foi lindo ter te conhecido. Foi mágica a nossa amizade. A guardarei em mim até onde puder. Agora, seguirei e lidarei com o que vier pela frente. Obrigada, muito obrigada por ter sido minha amiga. Melhor, por ter sido minha cobaia.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Eu não sei fazer poesia.
Não entendo de métrica
tão pouco de rima.


Não faço ideia do que seja poema
Prosa? o que é isso?
Como se faz?
Sei que é bonito.

Não sei compor frases encaixadas
Palavras acertadas, afinadas e quebradas.
Fico perdida no bem escrever que a gramática impõe.

Só sei que sinto.
Sinto muito.
Sinto tudo.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Sem você
Me sinto caco de vidro
Despedaçado entre as lembranças
Sinto-me só, desaguo!
Arranco de mim o que nem sei se tenho
Soluço tentando entender
E a dor não se despede
Não era ela a companhia que cobiçava
Mergulho no fundo de mim
Eu nado e nada!
Eu quero força, para explicar
São sentimentos e não se vê
TUDO MUITO
Muito que não me cabe
Transbordo!
Tento recuperar o que é seu
Vale ouro, me faz pertencer
Guardo o que encontro
O que recordo escrevo
Não quero esquecer
Junto tudo e guardo
Á sete chaves num relicário
Dentro do meu coração.

                                                                                                   (Andressa Costa).
"Nos seus versos vejo o reflexo do que meus olhos não podem alcançar."

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Fora de visão: Enxergar além do que os olhos podem ver.


Um dia desses fui levada despretensiosamente a pensar mais uma vez em psicoterapia. Foi bastante interessante como as coisas ocorreram. Pensando em Jung, diria que não foi coincidência. Depois de certo tempo finalmente me propus a ler um artigo no blog de meus professores Joaquim Cesário e Marcos Creder, o literalMENTE (http://literalmente-literalmente.blogspot.com.br), intitulado "Raízes psicológicas da psicoterapia: Anatomia de uma relação" de autoria do primeiro. Porém, antes de lê-lo fui presenteada pelo meu amigo Lucas Garcia com um belo curta metragem chamado Out of Sigth. A partir disso fiquei impulsionada a escrever um pouco mais sobre psicoterapia.

Fiquei encantada com a trama do curta e decidi juntá-lo às ideias do texto e organizar sob meu ponto de vista. Para tal é necessário falar um pouco sobre o vídeo, no entanto indico ao leitor que o veja antes, por isso aqui está o link do mesmo: http://www.youtube.com/watch?v=x6dnqnsdBOg&feature=plcp. Ele foi o trabalho de conclusão de curso de três estudantes da Universidade Nacional de Artes de Tawain e relata a história de uma jovem cega que após ser roubada e largada pelo seu cão guia vê-se sozinha e com o mundo todo a sua frente para ser descoberto. Ela empreende uma busca ao seu animal de estimação e instrumento facilitador de locomoção e socialização, e nessa aventura descobre um universo encantador. Passa a ter experiências novas e prestar atenção a tudo que a rodeia. Os seus sentidos são despertados e sua imaginação pinta o mundo a maneira que lhe parece ser correta. Ela passa a vivenciar as coisas de forma intensa, porém no momento que reencontra seu cachorrinho tudo volta ao que era antes: as cores se apagam, a sua criatividade se dissipa e a cidade assume a sua forma original. 


 Com o enredo do vídeo podemos discutir dois pontos que acredito serem primordiais em psicoterapia. O primeiro diz respeito ao desenvolvimento da independência do cliente sobre a figura do psicoterapeuta e o segundo se refere aos profissionais que se escondem atrás de técnicas e permitem que estas sejam a sua bússola. 

Quando se busca uma psicoterapia se vai atrás de respostas. Respostas que possam causar mudanças, respostas que consigam acalmar a tempestade emocional que inunda cada um. Existe a crença que aquele que está ali nos “esperando” possui as soluções para as aflições daqueles que o procura. Algumas vezes a esperança é depositada mais na figura do psicoterapeuta do quê em si mesmo. Inicialmente esse processo é interessante, pois colabora com a criação do vínculo terapêutico e na confiabilidade do cliente. No entanto, não se deve cultivar tal comportamento. Para maiores esclarecimentos, profissional algum possui a fórmula mágica que irá transformar a vida do solicitante. Não há modelos. Não existe nenhum livro de cabeceira que dê a nós, psicólogos, o dom de transmutar os problemas alheios em lembranças engraçadas e em material de experiência de vida, apesar de ter aqueles que carregam tal ilusão.
 
Retomando então ao curta citado a cima, quero dizer que alguns indivíduos entregam aos terapeutas o poder de guiarem suas vidas. Deixam-se ser levados pelos conselhos e opiniões bondosas dos profissionais que lhe acolhem, o que é um engodo de ambas as partes. Tais sujeitos dependentes delegam a habilidade para lidar com seu dia-a-dia e esperam ansiosamente até a próxima sessão onde poderão pensar sobre seus assuntos. A responsabilidade pela construção de sua história foi deixada em alguma esquina da cidade ou em algum cantinho do consultório terapêutico. Deixam de experimentar o mundo da sua forma singular e passam a perceber os fatos com os olhos dos profissionais que os atendem.

Não digo que agir contrário a essa postura impedirá que obstáculos surjam no caminho, em ambas as posições não há seguranças, os dois modos são arriscados, afinal de contas viver é um risco. Porém alguns podem dizer que carregar sobre os ombros suas próprias decisões é muito desgastante. Concordo. No entanto o enriquecimento pessoal e o prazer irremediável de ser o principal autor de sua história, não tem preço. É uma experiência assustadora, admito, mas é fascinante descobrir-se. Vale a pena tentar.

 

Quanto ao segundo ponto, a instrumentalização da psicoterapia, pode-se afirmar que esta cega o profissional e o impossibilita de fornecer o melhor de si para o cliente. A ferramenta mais importante que o profissional possui é a sua própria subjetividade. A maneira como o cliente o toca, a relação estabelecida, trabalhar no que há entre e não unilateralmente, respeito pela singularidade e a criação de um vínculo de confiança são os instrumentos mais válidos no setting terapêutico. Um psicoterapeuta que não leva em consideração as repercussões que ocorrem dentro de seu ser terá dificuldade de escutar o outro e de possibilitar que o mesmo se escute. Terapia não se desenvolve em um indivíduo, é uma troca que ocorre dentro de uma relação assimétrica, porém sincera e coerente com suas finalidades.

Teoria e técnicas são importantes. São recursos sérios que moldam e possibilitam a profissionalização. No entanto, como diria Jung em sua célebre citação: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”. Assim, observando o curta, posso dizer que o psicoterapeuta que se refugia em técnicas bem estruturadas e pratica terapias instrumentalizadas, vazias de interação, perde a criatividade e torna o espaço terapêutico um vácuo onde o sujeito fica em segundo plano e o que se vê são apenas os jogos sociais e a superficialidade do ser que não transmite a verdade do indivíduo. 

A visualização do curta desperta, ao menos em mim, diversos sentimentos e um questionamento: Até que ponto o cão guia estava colaborando com a garotinha? Refletir sobre o nosso papel com o outro é fundamental, e digo para aqueles que se vangloriam quando escutam da boca de algum profissional que não precisam se responsabilizar com as escolhas e o processo do cliente, que não cabe a nós nos devorarmos com os caminhos tomados pelo paciente: Parem e pensem qual a nossa função e, principalmente, não se acomodem com essa defesa. A responsabilidade é ainda maior devido a isso.



segunda-feira, 6 de agosto de 2012

A minha perda: em busca de um sentido.

Fico aqui procurando as palavras certas para expor o que estou sentindo. Não sei por onde começar. Não sei o que fazer. A pergunta que ficou rodeando minha cabeça foi: Então é assim que é a morte? Não dá para acreditar na simplicidade dos fatos. Como pode ser possível desaparecer assim alguém que para mim era essencial? É essencial. Que fim é este que não te deixa terminar nada e nem anúncia sua chegada? Ele é. E nós somos apenas peças compondo o tabuleiro da vida que não possui regras para nos esclarecer suas jogadas repentinas. Sim, acabou. Simplesmente acabou. 

Perder alguém. Perder a ti. Como encontrar sentido para tal? Há algum sentido nisso tudo? Para quê haver sentidos? Lógicas que só servem para mascarar a nossa falta de respostas. Ver alguém partir sem destino. Sem destino mais. É destino. O que na verdade eu perdi se nunca foste minha? O que nós perdemos quando alguém morre? Penso agora que são recortes de nós mesmos. Pedaços de nossos sonhos, nossos planos, nossas fantasias e lembranças. Retalhos de tudo que construímos com e que jamais poderá ser sem. É isso, perdi com tua partida algo meu que não mais poderei retomar no contato com outros. É por isso que dói. É por isso que dói? Não sei, mas dói. 

Por enquanto, nesses sete dias que passaram desde a tua despedida sem adeus, as manhãs continuam a acontecer e o mundo continua girar. É incrível, mas é verdade. As pernas dão seus passos, as vezes tropeçam, porém permanecem na estrada que não trilharás mais. O relógio permanece com seu tic tac nos lembrando que o tempo passa, passou e passará. Todos os dias, desde então, levantar da cama tem uma conotação diferente. E meu maior medo é um dia abrir os olhos e não sentir no corpo o peso da saudade. Medo dessa sensação de vazio se propagar. Quando esse tempo chegar saberei que terás ido embora. Somente nesse instante é que terás ido embora. Por enquanto, "aos outros eu devolvo a dó, eu tenho a minha dor". E, não consigo tirar da cabeça que "quando você acorda, a vida já passou." e "Não é preciso ser velho para sentir o tempo".

Tempo. O que falar dele? Poderia tê-lo usado com mais intesidade. Poderia tê-lo aproveitado. Poderia tê-lo. Não tenho. Ver a impossibilidade de manusear o tempo ao nossos caprichos é humilhante. Se pudéssemos brincaríamos com os ponteiros invisíveis do incontrolável e seríamos rainhas do mundo. O universo estaria aos nossos pés. Teria sido engraçado. Mas não é. 

Pelas pontas dos meus dedos escorrem sentimentos, emoções que não ganham voz quando tentam escapar pela garganta. Desde cedo aprendi que escrever era a saída para aquilo que não poderia ficar preso. Você me ajudou a encontrar outras maneiras, porém continuo com velhos hábitos. E é por isso que não consigo falar sobre tal assunto de outra forma. Diante de tudo que estou vivendo não poderia discorrer sobre sentimento de perda, sobre morte, sobre a vida sem ser de maneira passional. Se caso o fizesse estaria sendo desonesta comigo mesma e com tudo que acredito. Nessas conjuções mal elaboradas e emotivas tento organizar o que esta confuso. "(...) trato meu coraçãozinho como uma criança doente, satisfazendo-lhe todas as vontades".

Ainda havia tantas coisas para fazermos juntas. Nossas promessas estão passeando pelo vento e continuarão. Na tentativa de te manter aqui guardo tudo que possa te lembrar. Conservo as memórias, "mas algumas coisas ficam mais bonitas quando se transformam em lembranças". E por mais que pareça loucura, por mais que seja incompreensível, "Mas foi minha, essa amiga, senti esse coração, essa grande alma, em cuja presença eu julgava ser mais do que era, por que era tudo o que podia ser" e isso é o que importa. 

Estou aprendendo que independente do quanto estude, do quanto leia, do quanto pesquise, a realidade sempre te surpreenderá. Quando me deparei com a situação descrita por tantos autores, a circuntância comentada por diversos professores, não pensei, apenas senti. E é no sentimento que pretendo viver e compreender o que me acontece. "Geheimnis".

"Por algum tempo, eles poderiam ter andado juntos sobre o mesmo trilho. Mas nunca seriam esmagados pelo mesmo trem."

P.S: Citações dos livros que partilhávamos como queridos: Os famosos e os duendes da mortes e Os sofrimentos do jovem Werther. E a música De mais ninguém de Marisa Monte que para mim é especial.

O céu que arde na terra.

Celeste nasceu em noite estrelada. Filha única de um casal maduro que já havia perdido a esperança de procriar. Celeste nasce como um milagr...