domingo, 16 de setembro de 2018

Psicomotricidade Relacional e a coragem de ser.

De 13 a 15 de setembro aconteceu o III Congresso Internacional de Psicomotricidade Relacional em Curitiba. Nesses três dias mergulhei intensamente em um universo de afeto. Vivi experiências indizíveis, indescritíveis e que escapam de uma lógica racional. Definitivamente estou imersa em emoções. Como estou tocada. Toque! Esse é o ponto de partida e o ponto de chegada. A Psicomotricidade Relacional chegou para mim no ano de 2014 e ela surge como um caminho a seguir. Ela aparece, em mim, como um objetivo. Na verdade, ela cresce como uma missão. Hoje, ela me dá sentido, direção e suporte. A Psicomotricidade Relacional despertou o meu desejo de me fazer vida.

Falar de Psicomotricidade Relacional é falar de amor. Amor puro. Amor originário. Amor que é base. Amor que constrói. Amor que nutre. Falar de Psicomotricidade Relacional é falar do Ser. Da coragem irremediável de Ser em um mundo que, pouco a pouco, vai nos sufocando, aniquilando, rejeitando e negligenciando. Ser em um mundo que está adoecido na precaridade do respeito ao próximo é campo de angústia e perda. Encarei tantas fragilidades minhas, mas principalmente, percebi tantas potencialidades. Psicomotricidade Relacional é encarar o outro na sua autenticidade e abraçá-lo nessa sua particular configuração. Psicomotricidade Relacional é perdão, é resgate de vínculo, é passagem, é fluidez, é, simplesmente, amar. Como é difícil amar e ao mesmo tempo, como é básico amar. Amar a si próprio é tão difícil. Perdoar a si mesmo é tão complexo. Cometi erros. Falhei. Ultrapassei limites. Desculpe a todos. E principalmente, desculpe a mim mesma por ter me julgado, me traído e me punido por esses erros. Por que pretendo ser perfeita? Por que volto-me para a dificuldade e puno-me pelo o que encaro como falha ao invés de valorizar e reconhecer minhas potências? Por que insisto na dor mesmo quando percebo que existe tanto carinho e amor?

No Congresso de Psicomotricidade Relacional pude nascer. Fui o primeiro bebê. Quem viveu esse momento sabe do que falo. E como eu precisava nascer. Eu tinha de estar ali. E eu tinha de ser a primeira. A vivência em Psicomotricidade Relacional é visceral. Encontrei a minha mãe. Escolhi a minha mãe. Pude ser dela, entregar-me a ela, e por um segundo, confiar nela, apesar de todo o medo que isso revela em mim. Encontrei o meu pai e o meu papai. Encontrei e reafirmei o meu irmão. Tudo isso no campo do simbólico. Não falo aqui das figuras reais. Falo aqui de um afeto. E é somente o afeto que poderá curar as rupturas no terreno real.

Em Psicomotricidade Relacional não fingimos sentimentos. Em Psicomotricidade Relacional nos atiramos e nos disponibilizamos para encontrar o outro na nossa verdade. O que cura é presença humana. O que toca é a verdade do amor. Não é uma técnica a ser aprendida. É uma técnica a ser vivida, a ser integrada e assimilada. É uma técnica que vai convocar o Ser e não o fazer. 

Sou pura imensidão. Estou extasiada. Estou encantada. Estou estarrecida. E tenho medo de tudo isso, assim como desejo e almejo, tudo isso. Existe um percurso longo. Começo a ter mais paciência e menos pressa. Vou errar muito nesse caminho. Estou aprendendo a ser. Estou aprendendo a me amar com todo o meu ser. Estou aprendendo a aceitar o meu ser. 

Quero agradecer a André Lapierre e a Anne Lapierre pela sensibilidade e coragem de ter revelado para nós esse método de vida. Sou grata a Leopoldo Vieira por sua dedicação e luta pela manutenção dessa proposta. Graça Cunha pela oportunidade e confiança no meu trabalho e por sua legitimação do meu lugar como psicomotricista relacional. Jussara por sua delicadeza em me apoiar e me guiar na minha formação pessoal (você nunca desistiu de mim). Patrícia Távora por sua presença feminina que convoca a minha feminilidade. Esquilo por seu olhar, sua espera e seu reconhecimento na minha formação pessoal.  Ao G15 que encarou e dividiu esse processo comigo. Helena e Simone por serem lindas e ensinarem para mim como ser melhor. Aline por sua coragem em estar mergulhando no seu universo particular. Vitor Garcia (Vitor gracinha, vovô!) que transbordou encantamento, amor, carinho, simplicidade, onde a sua presença humana me convida a ser mais responsável com a minha humanidade. Diogo de Miranda (aqui as palavras não conseguem abarcar) apenas por estar junto comigo sonhando e cuidando. Todas as pessoas que toquei e pude tocar nesse congresso (vocês contribuíram imensamente com a descoberta da beleza do meu ser). E, especialmente, a Ibrahim Danyagil e Ceça Gomes (Meus inestimáveis analistas corporais)  por todo amor que emanam e despertam sobre mim. A grandiosidade desse trabalho não cabe em palavras, afinal de contas, somos corpo. A Psicomotricidade Relacional está em todo o meu corpo e transborda. Perdoem-me se as vezes não consigo conter. Estou aprendendo e é necessário muita coragem para aprender a ser. Obrigada! Imensamente Grata. 

O Ícone: Desenvolvimento humano é meu templo, minha casa, meu tapete. Esse lugar é benção. Esse lugar é origem. Como essa casa estrutura meu ser.

Segue algumas fotos que talvez demonstrem o que tento descrever aqui. Proponho que percebam o olhar, o toque, o corpo, a verdade.

















Andreza Crispim
Psicóloga CRP 02/17314
Psicomotricista relacional
@psicoterapiafalemais

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