segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

O tempo na psicoterapia.

Ultimamente venho pensando sobre tempo, mas não é um tempo qualquer, é um tempo que se desdobra e repercute na psicoterapia. Com os meus clientes venho aprendendo a ter paciência e respeito. Estou aprendendo a esperar e a aguardar as coisas acontecerem no momento que lhes for possível, e não na oportunidade que percebo. Espera, paciência, respeito, compreensão ... Venho aprendendo muita coisa com meus clientes. 


Cada sujeito tem seu tempo. Ouvimos muito isso na faculdade, em casa, nos livros, na vida e entendemos perfeitamente, mas sentir esse tempo, sentir essas nuances é algo bem diferente e difícil. Cada sujeito tem seu tempo e responde a ele de modo particular. No processo terapêutico ter essa afirmação em vista é fundamental, pois seremos seduzidos a querer "acelerar" ou "encurtar" o caminho a ser percorrido pelo cliente. Precisaremos ter paciência e saber esperar. Uma paciência questionadora e responsável. Uma espera ativa e atenta. 

Precisaremos estar atentos para percebemos em qual situação poderemos intervir e que tipo de intervenção será mais interessante para proporcionar o desdobramento do discurso do cliente e, gerar uma maior conscientização e apropriação de sua história. Necessitaremos do questionamento para notarmos os pontos de interrupção e fuga que possam estar dificultando a autodescoberta e, com cuidado e seriedade, trazer eles a tona e minimizar seus efeitos. A escuta do psicólogo nunca é passiva. Escutar não é passividade. Jamais será. Falar é de imensa responsabilidade, pois falamos em cima da história de um outro que num ato de confiança escolhe se revelar para nós. 


Venho aprendendo que uma intervenção, dentro de uma psicoterapia, nunca se perde de fato. Não desaparece. Não deixa de gerar um efeito. Talvez, por estarmos em outro tempo - cada sujeito tem seu tempo e responde a ele de modo particular - acreditamos que uma intervenção não tenha surtido efeito por não ter gerado o impacto que imaginávamos. Talvez, aquela intervenção surja como reveladora depois de um mês ou depois de um ano, quem sabe? De repente o/a cliente chega falando sobre alguma autopercepção que teve após assistir um filme, ler um livro, conversar com um amigo e traz suas conclusões e as descobertas e eu penso: "Gente, a gente falou sobre isso mais ou menos 4 sessões atrás e ele/ela não vê isso?". É incrível. Além de ficar claro que a vida reflexiva do cliente não se encerra no consultório, noto que, de certa forma, aquela sessão pode ter possibilitado uma maior disponibilidade para encarar esse assunto. Aquela sessão atrás que trabalhamos tal conteúdo, mas que não pareceu mobilizar afeto e energia pode ter sido "apenas" facilitadora de uma compreensão posterior e mais funcional, e isso é enriquecedor.

Ou então, acontece que de repente o cliente fala "Estava em casa e veio uma frase que tu me falou...", paro e penso: "Nossa, isso faz tanto tempo e só agora...". Sim, só agora que foi possível. Só agora que ele pôde digerir. Só agora que ele pôde mastigar. É preciso paciência, espera e compreensão.

 

Algumas vezes o cliente evoluirá e na outra semana poderá voltar a um entrave anterior que já tinha sido superado. O tempo é fluído e brincante. Nunca voltamos para o mesmo lugar por mais que tenha o mesmo endereço. Somos outro e muita coisa mudou também na paisagem, na temperatura, nas pessoas que frequentam o espaço, na organização dos móveis e etc. Entendem? O cliente nunca retrocede. Ele sempre caminha para frente, por mais que não possa aceitar e se dar conta disso. A vida é fluída e está em constante movimento. Temos todos nós, semanas boas e ruins, respostas maduras e imaturas. Precisamos aprender a esperar, sermos pacientes e a respeitar nosso tempo e o tempo alheio.







Andreza Crispim
Psicóloga CRP 02/17314
Psicomotricista Relacional
@psicoterapiafalemais

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Sobre autoconfiaça.


Aprendemos desde cedo de que não podemos fazer tudo. Aprendemos que temos limites e limitações. Aprendemos que o mundo não está a nossa disposição para a realização de nossos desejos. Essas lições são importantes. São necessárias para a vida em comunidade. Porém, pergunto-me, em qual momento paramos de acreditar em nós mesmos e na nossa capacidade? Tornamo-nos inseguros e assustados.

Passo a notar que muitas de nossas dificuldades se dão pelo fato de não confiarmos em nós mesmos. Temos medo de não conseguir. Tememos fracassar e assim preferimos nem tentar. Tá bom do jeito que tá, mesmo que não esteja tão bom assim. Não confiamos no nosso potencial. Somos descrentes das nossas habilidades. Não nos conhecemos mais (Nos conhecemos algum dia?). 

Grande parte das nossas dificuldades se dá pelo fato de não confiarmos em nós mesmos, acreditam? Quando não sabemos se vale a pena escutar aquela voz que nos impulsiona a mudar. Quando não aceitamos o desejo de ser melhor, pois temos MEDO de arriscar. Autoconfiança é algo fundamental para a realização dos nossos sonhos. Sem isso, ficamos, ilusoriamente, paralisados. Fingimos satisfação com coisas pequenas. Sem autoconfiança não há força de vontade. Sem autoconfiança não há esperança. Quando foi que aprendemos a desacreditar de nós mesmos?

É simples, muitos problemas e dificuldades que encaramos na vida se dão por falta de autoconfiança. Não é o mundo que nos diz que não podemos. Somos nós que não acreditamos na força de nossas pernas. Somos nós que fechamos os olhos. Somos nós que não ousamos tentar com medo de nos decepcionarmos. Precisamos aprender a confiar em nós mesmos.

Andreza Crispim
Psicóloga CRP 02/17314
Psicomotricista Relacional
@psicoterapiafalemais

sábado, 20 de fevereiro de 2016

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016















não me peça paciência
já estou com pressa
presa demais
sou pássaro sem esperança
meu voo não levanta mais
só me sobrou asas
sonhos e penas


domingo, 14 de fevereiro de 2016

aos poucos venho tentando esquecer o medo
aos poucos venho tentando encontrar o passo
compasso no abraço
venho tentando tentar mais
arriscar
apenas estou aqui
e aqui que tento querer estar
venho tentando
e isso tem de bastar.

Sobre ansiedade: O futuro não existe.


A ansiedade é o vácuo entre o agora e o depois, já dizia Perls. Padecemos do mistério e da imprevisibilidade que o futuro é. Não suportamos não saber. Não aguentamos a falta de controle. Fingimos estar certos das diversas possibilidades de acontecimentos. Assim, preenchemos nossos vazios com expectativas, com planos e estratégias. Tentamos tampar todas as possíveis falhas. Passamos a viver tensos.

Cada vez mais a ansiedade cresce e se problematiza, pois não sabemos lidar com o imprevisível. Precisamos saber de tudo. Não podemos falhar. Temos medo do sofrimento, do erro e da frustração. É disso que se trata a ansiedade, quanto menos autoconfiante, mais inseguro e, assim, maior a necessidade de controle.

Sinto dizer, mas a vida é um eterno correr risco. Não se iluda, viver é um risco. Será preciso coragem. Será preciso confiança. Será preciso disponibilidade e permissão. Faz parte da vida as decepções. Aceitando-as não as temeremos mais, e com isso, poderemos suportar a probabilidade de sucessos e fracassos. Ansiedade é ensaio. Porém, na grande maioria das vezes, precisamos do improviso. Precisamos aprender a improvisar.

Andreza Crispim
Psicóloga CRP 02/17314
Psicomotricista Relacional
@psicoterapiafalemais

O céu que arde na terra.

Celeste nasceu em noite estrelada. Filha única de um casal maduro que já havia perdido a esperança de procriar. Celeste nasce como um milagr...