sábado, 30 de julho de 2011

Geheimnis


Não existem palavras suficientes para abarcar o sentido de algo tão sedutor e ao mesmo tempo aterrorizante. A falta de respostas que acompanha suas perguntas perturba a mente e faz a alma gemer de medo e desejo.

Ela tem o poder de deixar as coisas mais fáceis e difíceis no mesmo momento. É a junção dos opostos impossíveis. Carrega em seu seio a contradição. É o riso e a lágrima deflagrados em um só rosto. A dor e o alívio dividindo um corpo que já não é.

É o fim, mas o fim possui duas faces e ela as carrega com propriedade e prioridade. Nada se sabe sobre os seus segredos. Só se conhece sua inevitabilidade e imprevisibilidade. Seu silêncio ensurdece qualquer sujeito e faz seus ossos vibrarem diante da sua onipotência.

Como negar que o seu abraço afaga e também sufoca? Como fingir não querer se perder em sua imensidão? O que nos impede é a sua inflexibilidade. Ela não nos deixa saída. Não há nada certo depois que ela te beija a face.

Atração e repulsão geram um equilíbrio. E talvez seja exatamente esse jogo de forças opostas que nos deixa firmes. Porém alguns corpos possuem mais ou menos energia e dessa forma são mais influenciados por um dos polos. É nesse instante que as coisas ficam mais claras e passam a complicar a existência harmonizada com a única certeza que acompanha os seres humanos.

quinta-feira, 21 de julho de 2011


"Nada é para sempre. Os sonhos acabam e eu acho que depois sempre começam outros. Porque se não for assim talvez a gente não tenha força e nem vontade de seguir em frente".
(Os famosos e os duendes da morte)

quarta-feira, 20 de julho de 2011



"(...) a vida é um animal que se alimenta de cheques e cartões de crédito." (Como me tornei estúpido)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Morte em vida.

A vida escorre por entre os dedos. Não há como retê-la. Ela se dissolve antes de tocar o chão. A sua imensidão assusta. Milhares de possibilidades. Vários caminhos e todos incertos. Nada me diz ao certo o que será. O que se é. O que se poderia ter sido. Não há manual de instruções para viver, então ficamos perdidos no eterno fluir do mundo.

É impossível não pensar em quantas pessoas se poderia ter sido. Cada escolha e renúncia que nos trouxe ao momento atual. Penso em como seria a vida se pudéssemos no meio do caminho inverter os sins e os nãos que foram relevantes para a nossa existência. Será que continuaríamos sendo os mesmos indivíduos? Será que ficaríamos em melhores condições? Será que o arrependimento entraria pela porta e sentaria ao nosso lado no sofá? Não há como saber. Nunca se saberá.

Acredito que o que é mais difícil de suportar na vida é ter que se desfazer das suas infinitas possibilidades de ser e nunca saber se o hoje fará o amanhã valer á pena. A cada passo que damos uma chance é deixada para trás, apagamos uma oportunidade e um Eu que não se fez sentir é morto por não caber no limite determinado para se ser.

As pernas tremem diante da estrada tão vasta que jamais conseguiremos completar. Sempre faltará algo. Sempre haverá aquela dúvida que habitará nossos sonhos revelando o que não pôde ser. O que ainda não e o que nunca mais. Às vezes parece que o agora não é o momento em que os sonhos acontecem. Não sei qual lágrima carrega as piores mágoas. Lamentar pelo o que foi e nunca mais será, ou por aquele espaço que ficou aberto no tempo e que jamais poderemos preenchê-lo?

"Não é preciso ser velho para sentir o tempo" (Os famosos e os duendes da morte). Seu corpo é testemunha da sua passagem, sua alma é obrigada, devido a sua grandeza, a fazer concessões de suas infinitudes. A cada dia temos que cometer um assassinato de nós mesmos para persistirmos a existir. Temos então que lidar com o fim de várias vidas em uma.

O passado está morto, é um fato. O futuro é uma vida em formação, mera expectativa. Já o presente é o viver, circunstancial, apenas um instante que não te garante nada.

Essa inconstância provoca medo a cada dia que amanhece. "Quando você acorda, a vida já passou" (Os famosos e os duendes da morte). Abrir os olhos um dia e perceber que sua vida passou e que você não é o que um dia pensou que seria. Seu presente não é o futuro esperado. Não há mais nada a fazer. Em algum lugar do caminho você tomou o percurso errado e se perdeu na imensidão do viver. A vida te ultrapassou. Os outros dias a partir daí foram vividos por inércia até o momento em que a verdade da existência te beijou a face e te fez acordar. Você já estava morto e não sabia.

sábado, 2 de julho de 2011

O adubo da humanidade.

É inacreditável, mas o ser humano prefere a ilusão à realidade. E isso é bastante compreensível e aceitável. É muito difícil para o homem fincar os pés no real e vivê-lo em sua objetividade. O real é o terreno onde plantamos nossos desejos e idealizações e sem isso ele não significa nada. É apenas um pedaço de terra vasto, porém sem vida.

A ilusão é o que nos mantém firmes no chão. É o que fertiliza o real e dá vida ao mundo. Quando falo ilusão quero dizer a nossa capacidade de idealizar os objetos ao ponto deles parecem melhores do que são e de encontrarmos saídas além dos instrumentos fornecidos pelo concreto. É ultrapassar os limites do determinado e estático e alcançar o impensável.

Fazer uso disso não é doentio, pelo contrário, é um mecanismo normal que todo ser humano lança mão para enfeitar o seu dia-a-dia.

No livro, As crônicas marcianas, no conto "O marciano" é relatado de maneira belíssima a nossa preferência, em algumas circunstâncias, pela fantasia ao invés do concreto. A seguinte citação é um bom exemplo do que venho falando: "Se a realidade é impossível, um sonho basta. Talvez eu não seja a morta que voltou, mas sou algo quase melhor para eles; um ideal delineado pela mente deles" (As crônicas marcianas). Assim, alguns de nós, embarcam de tal forma nas suas ilusões que constroem uma realidade a parte e desprendem seus pés do chão. Flutuam. Contudo, não há como viver eternamente no ar, afinal de contas a gravidade te chama. Então, sempre fica um sentimento de estranhamento como se aquilo não fosse certo, como se tivesse faltando algo. Não há como se dissociar da realidade por total, pois o que nos marca é uma eterna relação entre o eu e o mundo.

"Não existe beleza na realidade. Nunca existirá" (Os famosos e os duendes da morte). A realidade aponta nossas limitações, mostra-nos a feiura de nossa existência. Creio que o que há de mais prejudicial para o homem não é voar nas asas da fantasia, mas sim saltar no abismo da falta de sentido. Outros de nós sofrem por não conseguirem projetar na realidade suas idealizações. Olham para o mundo e o que vêem é o real. Não há colorido, não há fantasias, não há ilusões. Desesperam-se, pois não entendem o que faz as outras pessoas continuarem a caminhar nessa estrada defeituosa e repleta de obstáculos. Eles enxergam cada pedra, cada barreira, cada dor, todas as lágrimas, eles vêem por detrás do véu da fantasia. Eles conhecem os bastidores da realidade. Não prestam muita atenção no que está sendo apresentado e sim, na construção do espetáculo. Contudo, não é apenas uma falta de sentido na sociedade e na vida em conjunto e sim, uma ausência de significados em si mesmo. Percebem o mundo em tons de cinza por que não tem outras cores no estojo do seu ser.

O mundo é um terreno fértil e nós somos as sementes. Precisamos, então nos plantarmos para dar vida a terra e assim, conseguirmos germinar nossas potencialidades. É nesse ciclo que se dá a existência, uma rede de interdependência.

O céu que arde na terra.

Celeste nasceu em noite estrelada. Filha única de um casal maduro que já havia perdido a esperança de procriar. Celeste nasce como um milagr...