domingo, 25 de setembro de 2011

Indivíduos placebos

O placebo é uma mentira que pacífica. Que agrada. É movida pela crença de que estamos sendo realmente tratados. De que estamos salvo. De que estamos bem. Quantas vezes fechamos nossos olhos e engolimos o que nos está sendo dado acreditando fielmente que aquilo é o que precisamos? Em quantos momentos você é um placebo? Inúmeras vezes você se deixou usar como benefício para alguém.

O que te faz ser útil é a crença que algum outro deposita em ti. Ele acredita que você o agradará. É tudo falso. Suas expectativas e teus efeitos. É tudo um jogo de conveniência. São cartas marcadas. Dados viciados. Ambos se enganam. O outro que pensa que sóis a salvação dele e tu por se permitires ser usado dessa forma, pois em teu íntimo gostarias de ser tudo aquilo que desejam de ti. Na verdade, o que todos querem de ti é que sejas um reflexo do que há dentro deles. Uma solução para as faltas que carregam em si. E todos estão na rua a procura do espelho perfeito e de sê-lo para alguém. Estão enganados.

Escondem-se por dentro e ficam tentando encenar o melhor papel para o público que o observar. Seguem scripts que compõem ao longo dos anos. Treinam em suas casas como ser agradáveis. Porém, esquecem de agradar a si mesmo.

Todos em algum momento da vida foram um placebo. Alguns conseguiram sair dessa posição de contradição. Muitos continuam assim sem nunca terem percebido. São mentiras vagando pelo asfalto. São gotículas de água espalhadas pelo ar. São poeiras escondidas debaixo do tapete. Estão por aí procurando o instante em que servirão perfeitamente para alguém, menos para si.

Sem rosto. Cem rosto.

Por que o mundo absorve nossas esperanças. As pessoas são produtos de nossos desejos. É a força de nossa vontade que pinta o quadro da existência.

E ninguém sabe o que de fato se passa em ti, pois preferem crer nas suas próprias produções. E você, talvez, tenha se perdido nesses vários sentido e não saiba mais quem se é. A imagem do espelho está embaçada. Nela se vê um pouco de cada um que fez de ti morada de suas ilusões. Quem és tu no meio de tantos rabiscos?

Indivíduos placebos.


2 comentários:

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