sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Cobaias.

Faltam palavras para explicar o que se constitui na emoção. O que existe entre elas ultrapassa o sentido racional ao que a maioria das pessoas se prendem e por isso perdem de viver algo que as transcendem. Elas eram diferentes. Jeitos diversos. Estilos opostos. Mas uma era o inverso da outra. E havia algo maior que as unia.

Uma via na outra o que não conseguia enxergar dentro. E a outra sentia nela a leveza que precisava para sair do lugar. Eram complementares. Transparentes. Uma mentira revelada. Ambas se tornaram a possibilidade de saída de um mundo que lhes era impessoal.

Uma era cega e muda de palavras próprias e a outra era a dúvida. A dúvida abriu uma janela na alma da outra garota e ela pôde, enfim, vislumbrar o que havia por dentro. Por essa janela, a dúvida, ensinou a ela a enxergar o mundo. E finalmente, a garota cega conseguiu perceber a vida além do que os olhos permitem. Faltava se expressar por si mesma e essa era a maior dificuldade que tinha. Contudo, um belo dia, quando a menina estava debruçada na janela de sua alma pôs-se a cantar e as palavras saíram com todo o sentimento preso e um vocabulário particular se fez presente. Porém, isto só foi possível por que a dúvida estava lá, pronta para ouvir e entender tudo que estava sendo revelado, pois aquilo tudo era o que se passava em si.

E o que a menina cega fez pela dúvida? Somente a ouviu. Escutou e dividiu com ela todos os questionamentos. Mostrou que suas questões não eram solitárias e que não havia problema em não ter respostas para todas as perguntas. Ao mesmo tempo, revelou que nossas certezas são incertas e que ás vezes um simples acolher de palavras é o que se pode fazer de melhor. Não querer fazer por, mas com. Dividir uma dor. Compartilhar algo maior que um sorriso.

No entanto elas não deixaram de ser o que sempre foram. Porém, isso não era mais um problema.

"Por algum tempo, elas poderiam ter andado juntas sobre o mesmo trilho. Mas nunca seriam esmagadas pelo mesmo trem." (Os famosos e os duendes da morte) (Itálicos meus).

Um comentário:

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Celeste nasceu em noite estrelada. Filha única de um casal maduro que já havia perdido a esperança de procriar. Celeste nasce como um milagr...