sexta-feira, 24 de julho de 2020

Enfim, casa.

Enfim me vejo casa. Minha casa reflete quem sou e quem sonho ser. Liberto-me entre essas paredes. Cada pedaço daqui tem uma parte minha. Adoro despejar música entre os cômodos e permitir-me balançar entre os móveis.A música colore a casa sem deixar marcas e constantemente trás uma nova versão para cada ambiente.

Deixo corredores em todos os cômodos para que minha passagem nesse lar nunca seja interrompida, apertada e dificultada. Já basta os entraves da vida. Aqui, em casa, transito com tranquilidade. Está aberto. Sou abertura. Que nada atrapalhe meu caminhar. O chão é livre e na minha casa ele acolhe. O chão é visto e admirado. Lugar de ser presença. Por toda casa dou valor ao chão que piso, que deito, sento e sou. Até o teto é reconhecido. Pois, quando chego ao chão, contemplo o teto e sinto que de alguma forma sou a unidade entre esses opostos.


A rede que embala segue o compasso do meu corpo. O sofá abraça. As plantas são respiros, pois me lembram de zelar, de cuidar, de nutrir e hidratar. As plantas demarcam vida para além de mim. A casa pulsa. 

Pouco a pouco preencho ela de arte. A arte que enfim me permiti expressar. Por quanto tempo calei minha criatividade? Por quanto tempo anulei minha sensibilidade. Na minha casa estou livre de julgamento. Nela posso falar, escrever, pintar, ouvir, ver, fazer, dançar o que for e como for. Minha criança se alegra. 



Devagar componho cada cantinho. Na cozinha realizo transformações. Verdadeiras alquimias. Desperta o desejo de descobrir novos temperos e sabores. Há muito o que aprender. O quarto ainda está em reforma. Aos poucos ele se mostra. Pouco a pouco consigo construir esse lugar de privacidade e acolhimento tão necessário.

Sim, enfim me vejo casa e finalmente sinto que estou morando nesse ser que sou.

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