La luna é um curta de animação feito em parceria pela Disney e a Pixar no ano de 2011. Sugiro que o leitor antes de continuar a leitura assista ao vídeo, pois ele é fundamental para o assunto que irei discutir. Quero falar sobre escolhas, em principal a escolha profissional. Dentro dos campos de atuação da psicologia existe a orientação profissional, também conhecida como orientação vocacional, e esta procura facilitar e colaborar com o processo de decisão do consulente frente ao cenário trabalhista. Geralmente, o serviço de orientação profissional é utilizado por jovens adolescentes que se sentem confusos e despreparados diante das diversas possibilidades do mercado. O processo de orientação profissional ajuda ao sujeito a se perceber
refletido nas suas escolhas e notar quais sentidos rodeiam as suas
decisões. Não
trata-se apenas de uma profissão, mas de reconhecer-se como ser agente
de escolha e responsável pela construção do seu projeto de vida. O
orientador trabalhar como um facilitador desse processo, jamais impõe
qual o melhor caminho para o consulente. Trabalha-se com o cliente e não
para o cliente, assim não há modelos prévios. O trabalho funciona
como
um desocultador do desejo do sujeito dentre as diversas influências que
podem ocultá-lo. Decidir embasado no seu próprio desejo desperta maior
entusiasmo para a realização dessa escolha e provoca maior satisfação e
felicidade pessoal.
Nessa perspectiva de trabalho, o jovem é reconhecido como ser ativo e atuante dentro da sua história sendo não só capaz de realizar escolhas como também é responsável por elas. Contudo, existem diversos fatores que influenciam as decisões e que podem levar à escolhas precipitadas que não estão em sintonia com o desejo do sujeito, dentre esses cito, questões econômicas, necessidade de reconhecimento do outro, a representação social de determinadas profissões e as pressões e os desejos dos familiares. Pretendo focar o texto no debate do último aspecto, as pressões e os desejos dos familiares, para isso usarei o curta La luna como ilustração do assunto.
Nessa perspectiva de trabalho, o jovem é reconhecido como ser ativo e atuante dentro da sua história sendo não só capaz de realizar escolhas como também é responsável por elas. Contudo, existem diversos fatores que influenciam as decisões e que podem levar à escolhas precipitadas que não estão em sintonia com o desejo do sujeito, dentre esses cito, questões econômicas, necessidade de reconhecimento do outro, a representação social de determinadas profissões e as pressões e os desejos dos familiares. Pretendo focar o texto no debate do último aspecto, as pressões e os desejos dos familiares, para isso usarei o curta La luna como ilustração do assunto.
Goethe, tem uma bela frase que diz o seguinte, "O que herdaste dos teus pais, adquire, para que o possua". Todos nós reconhecemos a importância que as figuras paterna e materna tem na nossa vida e o quanto o nosso modo ser e perceber o mundo recebe influencia dos seus ensinamentos e comportamentos. Quando somos crianças tendemos a ver o mundo pelos olhos de nossos pais, a medida que vamos crescendo percebemos que nem tudo aquilo que eles falavam ou vivenciavam pertence ao nosso querer. Começamos a descobrir que queremos coisas além daquelas que eles desejam para nós. No entanto, a presença deles continua muito forte em nosso ser, e temos dificuldades de nos libertamos e anunciarmos a nossa independência de seus sonhos. O nosso desejo pessoal perpassa pelo desejo de satisfazê-los e tal questão gera confusão e sofrimento. Assumir a própria felicidade não é tão simples quanto parece, principalmente quando ela pode vir ligada a decepção dos nossos pais.
O garotinho se depara com algo novo, ele descobri o trabalho do pai e avô e é iniciado na profissão. Novamente cada um deles tentam convencer e ensinar ao jovem a maneira pessoal como eles trabalham. O garoto percebe algo interessante, como as ferramentas se assemelham a cada um deles. E aqui aparece algo interessante, como o trabalho reflete o modo de vida de cada sujeito. O trabalho é visto como uma extensão da própria pessoa, mais uma forma dela manifestar a ela própria. O quanto a escolha de uma profissão está ligada a escolha de um estilo de vida e de ser pessoal. A maneira como escolhemos, mas principalmente como desempenhamos nosso ofício revela o nosso projeto existencial. O menino percebe que mesmo exercendo a mesma profissão cada um a desempenha da sua maneira.
Diante de uma dificuldade que os adultos não conseguem solucionar, o garoto pode experimentar formas pessoais de fazer aquela função. Ele posiciona o boné de modo diferente do avô e do pai e se arrisca no inesperado. Consegue resolver o problema e é nítida a satisfação que sente por estar ao lado dessas pessoas tão representativas. Recebe o respeito e carinho de seu pai e avô e todos admiram o resultado de seus trabalhos.
Pode-se pensar também com base nesse vídeo como muitas vezes o trabalho se torna uma espécie de tradição familiar. Cada membro leva a diante o exercício profissional daquela rede de pessoas. Existem famílias que adoram dizer, "somos uma família de médicos" ou "na nossa família só tem professores" e o trabalho passa a ser uma característica da família, algo que a define. Agora imagina como deve ser difícil para um jovem que no meio de uma família que se define como médicos querer fazer filosofia? Em La luna o garoto, ainda muito jovem, gostou e encontrou prazer no ofício desempenhado pelos familiares, mas dá pra notar o quanto ainda há nele o encantamento pelas figuras do avô e do pai, ainda há muito do desejo de satisfazer o outro na sua escolha, mas ele está feliz nesse momento. Que hoje seja assim, então.
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