quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Estrela decadente

Quando você partiu não foi sozinho.
Quando você partiu não era mais só.
Agora carregava em si tudo o que de mim sugou e recebeu.
Eu também não fiquei só.
Você deixou em mim tudo o que quis e não quis.
Conviver com sua sombra me assombrava.
Não era mais eu, não era você, não era nós. O que era então?
O que via no espelho era um reflexo deformado do que um dia fui.
Tinha então que reconfigurar toda a minha imagem para me reencontrar mais uma vez, porém, jamais seria aquela novamente.
Fiquei pensando o que mais me doía e percebi que era te ver se perder de mim.
Tudo meu que em ti vivia poderia se dissolver e não mais seria sua estrela.
Meu brilho se apagaria.
Não seria mais o riso, nem a lágrima.
Não seria nada.
Ver teu fogo se extinguir na minha lenha era a pior dor que eu tinha.
Seria mais um passageiro nas suas estradas.
A morte me esperava no seu olhar. Vê que fui esquecida.
Enfraquecida em valor na sua vida.
Faria parte agora do eles.
Seria comum, mais um no meio de tantos.
E o nós se tornaria em vós.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O céu que arde na terra.

Celeste nasceu em noite estrelada. Filha única de um casal maduro que já havia perdido a esperança de procriar. Celeste nasce como um milagr...