segunda-feira, 13 de junho de 2011

Medidas desesperadas.

Faz oito anos que convivo com uma forte dor no estômago. Já fiz tratamento mas nada adiantou, acredito que na verdade piorou. Porém, desenvolvi uma técnica muito engraçada, mas que me ajuda nos momentos de fortes crises. Não sei bem aonde vi, mas eu vi e tenho certeza disso, que o nosso corpo não pode sentir duas dores ao mesmo tempo. Então, quando a dor aperta provoco em mim outros tipos de dores: enfio a unha na minha mão, entorto meus dedos até eles ficarem roxos e doloridos e todo tipo de auto tortura que me vier a cabeça no momento. E num é que funciona? Quando me concentro na dor auto infligida a do estômago perde seu efeito e me sinto melhor.

Acredito que a nossa mente tenha o mesmo mecanismo em algumas ocasiões. Quando nos deparamos com uma angústia tão grande que chega a ser impensada, uma ansiedade inimaginável, um sentimento dilacerador, nossa mente para se proteger, cria uma nova dor com o intuito de focar nossa atenção nela e nos fazer esquecer daquela que causou todo esse movimento. Então, passamos a sentir essa agonia que para nós, muitas vezes, não tem sentido, por que na verdade ela é apenas uma superfície que nada diz sobre a verdade do nosso sofrimento. A situação em que a nossa mente nos coloca nessas circunstâncias é bastante difícil e fonte de uma grande tristeza, ansiedade e frustração, porém o que não sabemos é que ela nos mantêm firme e que seria muito pior vivenciar a dor primária. Essa maneira de lidar é uma medida desesperada que não satisfaz, mas é o que está mantendo teus pés no chão.

Assim, somos desviados de nossos verdadeiros sentimentos e ficamos diante de uma ilusão dolorida. Milhares de perguntas são feitas, mas não conseguimos encontrar as respostas, por que geralmente estamos a procurando no lugar errado. Esperamos que aquela emoção sentida seja a tradutora de todos os nossos questionamentos, contudo, ás vezes é na dor sufocada, é no sentimento silenciado que estão todos os esclarecimentos para as nossas dúvidas.

No entanto não é fácil nos depararmos com essa verdade, afinal de contas ela não é encoberta por qualquer motivo. Ela carrega em si o veneno e o antídoto para o nosso sofrer e é preciso uma força imensa para encará-la face a face e abraçá-la de maneira tão forte que ela nunca mais volte para a obscuridade. É necessário manter as pernas firmes para não se deixar derrubar e os braços fortes segurando com toda sua força, caso contrário é bem possível que você seja ultrapassado ou consumido por ela.

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