domingo, 6 de março de 2011

Um vôo sem asas.

Tudo ficou mais claro agora. A escolha foi feita. Não há mais dúvidas. Não há mais forças. Prefiro saltar no nada do que me afogar na amargura. Permanecer aqui se tornou inviável. Finalmente é chegada a hora. Vou embora.

É irrelevante suas opiniões. Você não sabe o que é sentir uma multidão de dores. Ter um inimigo sem rosto que te persegui a todo instante. Correr tanto para não chegar a lugar algum. É insuportável ter que olhar todos os dias pro teu sorriso. Seu amor é um ácido que corrói minha pele e desintegra o meu peito. Preciso sair, necessito voar nas asas da ilusão. Não dá mais pra ficar.

Eu sei, sei que será difícil. Contudo, entenda que não estava fácil para mim ter que morrer vagarosamente. A vida se transformou em um veneno para mim, a morte é o antídoto. Não se culpe. Minha dor não tem alvo. O que está em questão aqui sou eu, apenas eu.

Deixe-me ir. Veja, estou sorrindo finalmente. Mais do que nunca estou consciente. Deixe-me ir, pois este não será meu fim. Minha história foi escrita pelo avesso. Deixe-me ir, suas lágrimas no meu ombro são narvalhas e estão machucando essa pobre carcaça. Deixe-me ir.

Preste atenção não quero que me compreenda mal mas, nada mais importa. O cheiro da liberdade invadiu meus pulmões e limpou tudo que havia de podre. Acabará a dor, acabará o sofrimento. Pela primeira vez sinto que vou viver verdadeiramente. Pareci louco, eu sei, no entanto não é mais insânio do que continuar. Não há saídas possíveis. Todas as portas trancadas. Janelas lacradas. Soluções inexistentes. Só me resta pular. Voarei para longe. Beijarei a morte na boca e abraçarei seu corpo com tanta força que ela não terá como fugir. Aquela que vinha me consumindo pouco a pouco trará em seus braços o alívio.
Adeus!

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