Por tanto tempo calei meus silêncios que agora não há palavra que me fale.
Aqui se lê sobre tudo o que interessa a quem escreve. Tudo muda constantemente, inclusive as opiniões. Aqui se encontra uma escrita livre que se impulsiona pelo desejo de expressar-se. Sinta-se a vontade para questionar e criar. No dia a dia construo minhas ideias e elas diariamente me desconstroem. Nessa costura que faço na minha rotina compartilho com vocês os retalhos e que possam, assim, remendar seus seres.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
sexta-feira, 12 de dezembro de 2014
Ressignificando os sentimentos: (Re)leitura sobre A INVEJA.
Comecei a pensar sobre a inveja, sentimento tão renegado e que causa grande desconforto no indivíduo e na sociedade. Sentir inveja é compreendido como ato de fraqueza e vergonha. Acredito que nossos sentimentos são fundamentais para a compreensão de nós mesmos e para nos orientarmos ao longo da vida. Assim, fiquei me questionando sobre o significado da inveja na condição humana, pois como já disse várias vezes, todo sentimento é legítimo e deve ser respeitado e vivenciado.
Então, de repente, algo me veio a cabeça: a inveja aponta para o desejo. Ao sentirmos inveja fica claro para nós algo que desejamos. O querer é despertado e a partir daí a falta se faz presente, pois onde há desejo, há falta. Através do desejo manifestado pelo surgimento da inveja constatamos o quanto somos incompletos. Percebemos que existe em nós uma insatisfação, um incomodo que implora para ser encerrado. Desse aspecto surge o caráter negativo do sentimento de inveja, já que notar-se a si mesmo como um indivíduo incompleto e faltoso não é nada fácil para o ser humano.
Contudo, a inveja além de causar um desconforto para quem a sente, também perturba o outro. Será que a inveja do outro aponta para minhas faltas e insatisfações? Será que ao ver o desejo do outro sou tocado também no meu desejo, e com isso, impulsionado à busca, ao movimento? Fico pensando se há algo mais perturbador para o homem do que se perceber incompleto, faltoso e insatisfeito com o que possui? Nossa sociedade busca incessantemente por um estado de felicidade incondicional. Estamos à procura da satisfação ininterrupta. O homem contemporâneo não quer ser frustrado, não quer vivenciar a falta e nega as suas imperfeições e as do outro. Renegar essa condição existencial de incompletude humana é afastar-se do que há de mais precioso para o sujeito, o desejo.
O invejoso transpira insatisfação, falta e frustração, mas também inspira vontade, desejo e até mesmo sonhos. Não existe problema nenhum em sentir inveja, o que há de problemático é o modo como as pessoas reagem a esse sentimento. É preciso descriminalizá-la. A inveja é humilde, pois coloca o homem diante de suas falhas e de suas carências. E não há nada de errado com isso. É preciso distinguir sentimentos de ações frente a esses sentimentos. Nós reagimos infantilmente quando nos encaramos invejosos, pois não sabemos lidar com a falta. Nossa cultura não nos prepara para lidarmos com a frustração diante de um desejo não satisfeito e agimos como crianças inconsequentes.
Precisamos a aprender a aceitar e respeitar nossos sentimentos, questioná-los e vivê-los para compreender o que eles querem nos mostrar. Nosso ser tem uma tendência natural a tentar se manter saudável e equilibrado, nós prejudicamos esse processo quando não damos a devida atenção e o negligenciamos. O sentimento é genuíno e ocorre fora do nosso controle, ou seja, é uma manifestação espontânea e imensamente verdadeira. Então, proponho olharmos com mais respeito e consideração para a inveja e outros afetos rejeitados pela moral e cultura, pois como diz Alice Miller (2011), "Se, um dia, aprendemos a viver com os sentimentos e a não os combater, já não vemos as manifestações de nosso corpo como uma ameaça, mas como uma referência a nossa história" (p.109).
Bibliografia:
- MILLER, Alice. A revolta do corpo. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2014
domingo, 7 de dezembro de 2014
(Má)rinheiro.
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