quarta-feira, 31 de julho de 2013

Bom dia!





Coloco o despertador para tocar às seis da manhã e até lá tenho nove horas. O que são nove horas para alguém que não acompanha os ponteiros do relógio? Uma eternidade. Enquanto não sei quanto tempo me resta tenho todo o tempo a minha frente. Quanto mais durmo menos poderei dormir. A ânsia de esperar pelo toque que marcará o fim preocupa meu sono. Perturba meus sonhos. Quando adormeço esqueço que vou acordar em breve, ou talvez não. Apesar de ser certo o fim não sei o momento exato do toque que irá me arrancar da cama. É a certeza do despertar na imprevisibilidade da hora.

Corro ainda o risco de levantar antes do despertador. Quando penso que estou seguro e que meu fim se encontra lá na frente algo me acomete aqui e agora, e então, acordo atordoado e vejo que ainda poderia ter descansado mais, porém não foi assim que aconteceu. Meu corpo, meus vizinhos, meus parentes, meu cachorro e sei lá mais o que decidiram atravessar o meu sono e romperam com meu roteiro.

Ao passar da noite penso em tudo e quase nada. Em um só momento sou passado, presente e futuro. Na noite em busca do adormecer me sinto além das amarras do concreto. Viajo pela minha história e tudo é laço. Somente assim cochilo. Quando durmo sigo em frente. Quando fico acordado, paro. E parece que as horas andam pra trás. É horrível ter insônia. Você se perde no passar dos dias. Fica preso na noite anterior. Se eu me deitar pensando na hora que vou acordar não consigo dormir bem. Se me deito achando que estou livre para dormir terei dificuldade de acordar. Uma boa noite de sono depende do equilíbrio entre o acordar e o poder dormir.

É inacreditável quando acordo um pouco antes do despertador, mas fico na cama curtindo o tempo que me resta. Sinto uma angústia e certa curiosidade para descobrir o quanto resta até as seis horas e fico pensando o que fazer nesse tempo. É pura ansiedade. Enquanto não confiro o relógio tenho todo o tempo do mundo. Pode ser dois minutos ou duas horas, não importa, eu ainda tenho tempo. A questão é: para fazer o quê?

2 comentários:

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