quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Corporeidade

No corpo que sou tenho em mim uma história vivida.

Na pele que sou tenho registrado cada toque sentido e sonhado.

Nos olhos que sou guardei todos os delírios de lembranças e as imagens das palavras que me foram pintadas.

Há nos ouvidos que sou os sons, os silêncios e as pausas que ressoaram em suor, riso e choro.

Quantos abraços há em mim para trocar? Quantos passos me restam para andar?

No corpo que sou, existo! Sou presença no cheiro que transpiro e que expira a cada mover.

Sou passagem nas rugas que marcam.

Sou a cura em cada cicatriz.

Sou destruição no mastigar.

É na queda que me faço morte e no levantar ensaio o recomeço.
Renascer nos suspiros.
Embalar a dor nos soluços que escorrem.

O corpo que sou prevalece no sentir.
Sou afeto em todo gesto.
O corpo que sou insiste e persiste.
Sou corpo e nele me faço ser.

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