Quero admitir que nossa relação nem sempre será fácil. Iniciamos com muitas expectativas e a principal delas se resumi aos sentimentos de acolhimento, cuidado e confiança. Esse tripé constituí a nossa relação e é o que se espera que se baseie um processo psicoterapêutico. Sim, esse tripé é fundamental.
Nosso início é delicado. Você não me conhece. Eu também não faço idéia de quem és, porém, você está aqui diante de mim compartilhando sua história com a esperança de que isso seja transformador. E acredito que será. Após um tempo percebemos que nosso relacionamento está mais leve. Sem tantos receios e desconfianças. Ambos estamos mais confortáveis aqui. Há entre nós acolhimento, cuidado e confiança.
E é exatamente por acreditar nesse tripé que construímos e que estamos, constantemente, fortalecendo que lhe reafirmo: nossa relação nem sempre será fácil. Eu direi coisas que vão lhe machucar. E confesso, às vezes, vai doer em mim também. Porém, tais coisas serão essenciais, acredito eu, para o trabalho que VOCÊ se propôs da autodescoberta e do desvelamento da sua verdade interna. Eu não pretendo lhe poupar.
Quero deixar algo claro: eu NÃO trabalho PARA você. Eu trabalho COM você. Isso demarcará a nossa relação. Eu não lhe sirvo. Eu não lhe obedeço. Eu lhe ACOMPANHO no seu processo de autoconhecimento e minha função é facilitar e cuidar do processo e da forma como lida com ele. Então, em alguns momentos, serei dura com você. Não será gratuitamente, eu garanto! Procuro ser honesta quando você recorre a mentiras. E isso, geralmente, é um saco. Eu sei, mas me preocupo com a sua autenticidade.
Assim, quando você finge, revelo. Quando esconde, encontro. Quando foge, aponto. Quando você fala, escuto. Quando cala, eu falo. Quando escurece, acendo. Quando segura o choro, exponho. Quando sufoca a raiva, a ressalto. Quando debocha, fico séria. Quando evita, atraio.
Irritante né? Eu sei. Dói. Eu sei. Não vou lhe pedir desculpas por isso. Faz-se necessário para crescer. Estou bem aqui para ser honesta com você e ajudá-lo(a) a ser consigo mesmo. Eu lhe respeito e tento a todo custo cuidar para que também se respeite. Eu lhe vejo como sujeito capaz, livre e potente. Não vou lhe subjugar. Não vou diminuí-lo(a). Olho para a saúde e considero que a verdade liberta, apesar de suas inconveniências. Acredite, considero seus limites. Procuro seguir seu ritmo, seu tempo, seu momento. Ficarei atenta para não extrapolar sua capacidade de perceber e lidar com as coisas, no entanto, haverá circunstâncias em que vou apertar esperando que se supere. E em algumas situações você vai. Nesse ponto reafirmamos nosso laço.
Nossa relação é pautada no acolhimento, cuidado e confiança. Estou aqui com você. Sou presente. Disponível. Apoio. Confie. Você vai me odiar em alguns momentos. Só quero lhe dizer que entendo. Espero que isso lhe faça bem.
Atenciosamente,
Sua psicoterapeuta.
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