terça-feira, 1 de julho de 2014

Passageira.

Tenho uma saudade em mim que jamais pensei em ter. Sinto falta de abrir o peito sem receios, sem medo.Tudo está uma confusão. Eu estou uma confusão. Meu peito se mergulha e a cabeça não se aquieta nas ideias. Nunca senti tanta falta de falar o indizível e ser compreendida na minha incompreensão. Sinto falta de compartilhar. Palavras se acumulam na garganta. Estou cansada do silêncio, esse silêncio imposto pela ausência. Sinto todas as dores, e ao mesmo tempo, estou anestesiada. Assombro-me com a imensidão do por vir. Não sei se consigo realizar a mim mesma enquanto há tempo para ser. Estou caindo. Estou partindo. Cada tentativa parece ser minha última cartada. Não suportaria mais me perder. Existe tanto em mim, mas não enxergo meios de fazer. Fazer acontecer. Saber que a minha vida depende inteiramente de mim faz minhas pernas tremerem. Eu não sei fazer essas coisas do mundo. Não é simples para mim existir. Em mim carrego as dores do mundo e a indiferença daqueles que deixaram de se importar. Sou fina penumbra passeando pelos parques. Leve sopro solto no ar. Lágrima dissipada. Riso mudo. Que saudade eu tenho de me fazer poesia. Dividir vivências. Reconhecer-se na alma do outro. Sinto falta da disponibilidade para estar presente. Que falta me faz minha cobaia. Que falta eu sinto de quem eu era quando podia estar com ela. É a mim que falto. É por mim que clamo. É somente por mim que choro ao lembrar do nós. Ao partir, ela levou consigo tudo quem fui quando estávamos ainda. No dia que ela partiu dei adeus a um pedaço de mim. Não imaginei que ia ser tão grande.

- Sou um pedaço de sonho vagando por ai.

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