Gosto do simples. Daquilo que facilmente passa despercebido. Aqueles instantes silenciosos. As demonstrações sem excessos. A troca de olhar entre uma mãe e seu filho que acaba de descer do ônibus e segue caminho para escola, enquanto que ela vai para o trabalho. Ou então aquela outra mãe que vai em pé e segura a mão da filha durante o percurso. A cara de espanto de uma criança quando vê algo que a surpreendeu e recebe do pai um sorriso. Duas crianças que dançam ao som de música nenhuma no meio da calçada. Três amigos dividindo um só guarda-chuva. Um gato brincando com uma barata. Aquela garota que chorava no banco do ônibus por debaixo dos óculos. A mãe que arruma o cabelo da filha com carinho. A despedida diária do pai que desce paradas antes dos filhos. O menino de rua que devolve o dinheiro que ganhou de esmola para ajudar o benfeitor que errou nas contas da caridade. A paciência do pai diante da irritação de sua filha. A coragem do meu sobrinho de insistir em apertar o botão da televisão e se assustar com a mudança dos canais. Ver um amigo gargalhar pela primeira vez. Andar pela chuva sem ter medo de se molhar. A garotinha que brinca de não pisar nas linhas da calçada. O movimento das ondas. O vento em frente ao mar. Coisas simples. Coisas grandiosas.
Foto: Jonas Araújo. (https://www.facebook.com/jonasaraujofotografia?ref=ts&fref=ts)
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