Na tentativa de me conhecer tu tendes a se aproximar. E dar toda atenção possível. Ouve as minhas narrativas. Esforça-se em compreender as confusas ideias que compartilho. Procura estar perto e disponível. Entendo toda a sua dedicação e sinto-me lisonjeada, mas me deixe explicar algo.
Para me conhecer é necessário que feche os olhos. Boa parte do que sou está naquilo que não mostro. Seus ouvidos são inutéis, pois grande parte de mim é indizível. Não se preocupe em me entender, nem eu consigo. A cada dia sou mais. Nunca me esgoto.
Preciso de espaço. Deixe-me sozinha as vezes. Presença demais me sufoca e assusta. Parece loucura, mas é na distância que sei que pode estar perto. Não sei lidar com tanto carinho. Meu corpo é minha morada. Ás vezes sinto que os abraços são invasões. Tenha paciência.
Não terás de mim a atenção que estais acostumado. Não tenho o impulso de procurar as pessoas. Fico a espreita, no meu canto. Porém, saiba que quando precisares te ajudarei. Só não sou boa de ficar o tempo todo ao lado.
Terá momentos que te dispensarei para poder ficar sozinha com meus pensamentos e no meu mundo, não penses que estou desprezando tua amizade. A solidão não é minha inimiga e adorarei saber que tenho para onde correr quando ela me cansar.
Não se esforce tanto. Não existem modelos para amizade. A nossa não será igual às outras. Deixe que se construa algo diferente. Não sou como a maioria dos seus amigos, e você também não é como os meus. É, para mim, um desafio. Desafie-se também.
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