sexta-feira, 4 de março de 2016

O Quarto de Jack.

Quem não assistiu se prepare, pois lerá algumas informações que podem prejudicar a surpresa sobre o filme.


O Quarto de Jack é um filme de extrema sensibilidade. Acompanhamos a situação de cativeiro de Joy, a mãe de Jack, que foi sequestrada aos 17 anos e vive nessa situação a 7 anos. Quanto a Jack, que possui 5 anos, não há sofrimento por viver isolado em um quarto de 10m², muito pelo contrário. O que assistimos é uma criança saudável que acredita que o mundo se resume a aquele quarto e mesmo com dificuldades tem uma vida feliz, alegre e repleta de sonhos.

Acredito que esse é o ponto mais complexo do filme. Jack, não vive em sofrimento por suas condições de vida. Com amor e dedicação, Joy conseguiu criar uma atmosfera de saúde no meio do caos e da dor. A criança é preservada. Mesmo nesse ambiente recluso o garoto tem uma criatividade imensa que o ajuda na leitura de mundo e a transformar seu universo. É possível constituir uma relação saudável dentro de um ambiente de imenso sofrimento. 

É fundamental salientar que o mundo de Jack se resume ao quarto. Tudo que ele se relacionou na vida foi com os instrumentos que existem no quarto. Mas, Joy sabe que o mundo é muito maior e começa a ter medo pela segurança do filho e assim, arquiteta um plano para a fuga. 


Fora do quarto as coisas tomam novas dimensões. Jack precisa se adaptar a tudo e todos. Joy, também. Para Jack a saída do quarto foi abertura para um mundo de possibilidades, novidades e desafios, as vezes assustava e ele questionava não poder voltar pra casa, sim casa. Já para Joy a saída do quarto foi encarar um mundo de perdas e lutos. Perceber o quanto as coisas mudaram e se questionar sobre a vida que perdeu, a história que foi interrompida. Haja dor. Pois, o cativeiro não era e nunca foi sua casa e sua casa, não era mais a mesma e nem ela.
 


O que aprendi com esse filme foi o quanto o ser humano se constitui de fato em relação, e mais do que o clima do ambiente, são as relações que transformam e nutrem nosso ser. O amor, o respeito e a compreensão são fundamental na formação de uma subjetividade. Não venha mais me falar de ambientes tóxicos, o que existe são relações tóxicas, como por exemplo, a repórter sem noção que entrevista Joy - que ódio daquela mulher DOENTE.

Para fechar um pequeno diálogo:
- Eu não sou uma boa mãe.
- Mas você é a mãe.








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