Nascemos e crescemos. No meio de tudo isso, desejamos. O desejo é uma lição que aprendemos ao longo da nossa história. Sim, o desejo precisa ser aprendido. Quando somos bebês nossas vontades ainda não possuem sentido lógico e são puros movimentos, puras atitudes, sentimentos sem palavras. Aos poucos ganhamos sentido e o sentir se torna consciência de um querer.
Nosso querer é livre, é voraz e destemido. O mundo, na maioria das vezes, não suporta essa força, e assim, somos domados. Aprendemos limites. Aprendemos aceitação e respeito. Aprendemos também a negação, a fuga e a alienação. Aprendemos o esquecimento, a anulação e o refreamento. Somos adestrados.
Vejo diariamente na clínica pessoas que tiveram seus desejos roubados de si. Elas compreenderam bem a moral que diz "Pensar em si mesmo e realizar suas vontades é egoísmo e isso é errado, é feio e pecado". Hoje são adultos que não sabem o que querem e se desesperam na tentativa de sempre estarem disponíveis aos outros.
Vejo pessoas que criticam o modo de vida alheio, mas não fazem ideia do que estão fazendo com a sua. Estão estagnadas. Desencontradas. Perderam-se a muito tempo quando acreditaram que era necessário satisfazer a vontade do próximo para se fazerem amados, desejados.
Quando se nega a uma criança a validação e reconhecimento de seu desejo se nega a criança inteira. Nossos desejos expressam a autenticidade da percepção que temos sobre o mundo e as pessoas. Negligenciar isso é sufocar nosso mais puro meio de expressão pessoal. É limitar nossa criatividade e poder de inovar sobre o "destino".
Quando se nega a uma criança a validação e reconhecimento de seu desejo se nega a criança inteira. Nossos desejos expressam a autenticidade da percepção que temos sobre o mundo e as pessoas. Negligenciar isso é sufocar nosso mais puro meio de expressão pessoal. É limitar nossa criatividade e poder de inovar sobre o "destino".
Discute-se que precisamos impor limites para as crianças, e eu concordo, porém quero deixar claro que limites e sujeitos conscientes de seus desejos não são coisas opostas e discordantes. É absolutamente possível, e lógico, ter noção de suas limitações e do mundo, e afirmar suas necessidades e paixões. Ambas são facetas de um mesmo processo que é o desenvolvimento saudável da personalidade. É no limite, na falta, que a necessidade revestida de vontade poderá surgir e se firmar. É na limitação que encontramos estratégias para a realização de nossos objetivos como também nasce a motivação para buscar algo. Pense, como notamos a motivação dessa nova geração que é amplamente assistida e satisfeita de imediato?
Revelam alguns teóricos que estamos vivendo na era da falta de limites, porém observa-se que o número de jovens incapacitados para suportarem/lidarem com as adversidades da vida cresceu. Estamos educando jovens limitados emocionalmente. Precisamos aprender a desejar. Somente conscientes do nosso querer conheceremos a nós mesmos, seremos responsáveis pela construção de nossa história, estaremos abertos para relações com trocas autênticas, despertaremos para a busca de nossa satisfação e teremos capacidade para suportar e ultrapassar as frustrações.
Precisamos aprender a desejar. E isso ocorre lá no começo, meio e fim da vida. Onde está o teu desejo? É fácil e simples desejar. Não deixem que lhe enganem quanto a isso. Difícil é assumi-lo. Reencontra teu desejo, e assim, reencontrarás a vida.
Fotos: Jackie Monteiro. Ilustradora/Artista Plástica.
www.jackiemonteiro.com.br
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